Eu prefiro a segunda frase.
Vou contar uma passagem profissional minha para ilustrar o tema.
Trabalhei para uma empresa global que tinha no segmento infantil uma parcela importante do seu mercado. Nosso negócio era oferecer produtos e experiências relevantes e ao mesmo tempo extremamente seguras para crianças, atendendo a padrões e certificações rígidos que incluíam pré-testes e muito mais.
Em uma ocasião, como líder do escritório brasileiro, apresentei ao Diretor Global de Segurança (Safety) o seguinte projeto para um cliente importante: um envelope de papel selado contendo sementes, para ser plantado pelas crianças em casa. O envelope seria plantado direto na terra, não haveria manipulação das sementes. O papel se dissolveria e as sementes germinariam livremente.
O projeto foi veementemente rejeitado. No primeiro momento não entendi. Foi rejeitado pelo risco de a criança inalar as sementes. Argumentei que esse risco era muito abaixo, afinal o envelope de papel era selado, sem acesso às sementes.
Quando o Diretor apresentou seu argumento, entendi e aceitei imediatamente.
Ele me presenteou com a explicação sobre a diferença entre gerenciar o risco e gerenciar a consequência do risco.
Ele concordava que o risco de inalação das sementes seria pequeno, porém me esclareceu que a consequência do risco seria muito grave. Uma vez inalada, a semente pode se alojar no pulmão provocando uma infecção gravíssima, com alta taxa de letalidade. Ou seja, se o risco se materializar, mesmo que em poucas crianças (risco baixo, mas não zero), a letalidade da consequência do risco seria muito alta. Não podíamos expor nenhuma criança a essa situação. Projeto cancelado.
Excelente aprendizado profissional e para a vida.
No nosso dia a dia, temos a tendência de considerar os riscos como pouco prováveis. As estatísticas e as armadilhas mentais ajudam. Refletindo um pouco além, sabemos das consequências dos riscos rotineiros, mas preferimos não considerar “nem pense nisso, dá azar!”.
Aqui uma ressalva. À frente, não comentarei sobre impactos emocionais, não tenho competência para tal. Focarei no impacto nas finanças pessoais, área em que penso contribuir com essa reflexão.
O risco de um acidente grave, de qualquer natureza, para mim ou para você é baixo, mas as consequências financeiras para as nossas famílias podem ser muito sérias. O padrão de vida pode despencar, a educação dos filhos pode ficar comprometida, despesas médicas podem decolar, etc.
O caso de nossa falta repentina é muito impactante nas finanças das nossas famílias. Assim como o caso de nossa incapacidade (por acidente ou doença) pode trazer uma realidade muito desafiadora para quem amamos. A experiência mostra que podemos gerenciar as consequências financeiras dos riscos, o que já seria uma enorme ajuda em uma situação de stress emocional intenso.
Quem tem visão e quer proteger aqueles que ama, pode incluir no seu Planejamento Financeiro Pessoal (PFP) mecanismos para amenizar as consequências financeiras dos riscos de falta e de incapacidade.
Dimensionar o tamanho dessa proteção e apresentar mecanismos que melhor se adequam à situação individual e familiar está no escopo de trabalho do Planejador Financeiro Pessoal. Com experiência e isento tanto do ponto de vista emocional como comercial, o planejador ilumina o seu caminho, neste e em outros cinco pilares das finanças pessoais.
Concluindo, não considere somente os riscos, muito já é feito para reduzi-los. Considere e gerencie as consequências dos riscos, para elas, somente você pode se planejar. Peça ajuda se precisar.
“Não pensar nisso, dá azar”.